quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Percy Jackson & os Olimpianos: O Ladrão de Raios - Rick Ryordan

Pois é, gente, hoje vim falar sobre o primeiro livro da saga Percy Jackson :)

Vamos à SINOPSE:

 "Percy Jackson está para ser expulso do colégio interno... De novo. É a sexta vez que isso acontece. Aos doze anos, esta é apenas uma das ameaças que pairam sobre esse garoto, além dos efeitos do transtorno do déficit de atenção, da dislexia... E das criaturas fantásticas e deuses do Monte Olimpo que, ultimamente, parecem estar saindo dos livros de mitologia grega do colégio para a realidade. E, ao que tudo indica, estão aborrecidos com ele.  
Vários acidentes e revelações inexplicáveis afastam Percy de Nova York, sua cidade, e o lançam em um campo de treinamento muito especial, onde é orientado para enfrentar uma missão que envolve humanos diferentes - metade deuses, metade homens - além de seres mitológicos. O raio-mestre de Zeus fora roubado, e é Percy quem deve resgatá-lo.
Com a ajuda de amigos, Percy tem poucos dias para reaver o instrumento de Zeus, que represente a destruição original, e restabelecer a paz no Olimpo. Para conseguir isso, terá que fazer mais do que capturar um ladrão. Terá de encarar o pai que o abandonou, resolver um enigma proposto pelo oráculo e desvendar uma traição mais ameaçadora que a fúria dos deuses."

 Vou começar sendo MUITO sincera com vocês: logo de cara rolou um certo preconceitinho da mina parte. Shame on me, eu sei... Mas o caso é que eu ganhei o livro de uma amiga da faculdade (que já
tinha lido e amou tanto que comprou o box e ficou com o primeiro que comprou avulso sobrando) e, assim que abri o dito cujo e li a primeira página, entrei numa de que o livro era bobo, que era pra criança, que ia ser uma leitura penosa... Afinal, o primeiro capítulo - chamado "Sem querer transformo em pó minha professora de iniciação à Álgebra" (cá entre nós, não é lá o título mais instigante do mundo) - começa com um menino de 12 anos dizendo que se você, leitor, está lendo esse livro porque acha que pode ser um meio-sangue, é melhor fechá-lo, porque ser um meio sangue é assustador, é perigoso e blablabla... Enfim, achei q pudesse ser bobo mesmo... Acabei deixando ele encostado por vários dias, criando coragem pra pegar de novo... Mas achei que eu devia me "forçar" a ler já que tinha sido presente e tal, pra pelo menos dar um feedback pra minha amiga, porque é chato quando a pessoa te dá um livro que ela mesma adorou e você nem ao menos se dá ao trabalho de conhecer pra depois criticar, que seja, né? Pois bem... Fiz um esforcinho inicial e segui a leitura. E quer saber de uma coisa? Passado o segundo capítulo, eu já fui começando a me interessar... Na metade do livro, já estava curtindo bastante! Gostei de ler. Mesmo. apesar de ser um infantojuvenil de fato, acho que pode agradar leitores de diversas faixas etárias q leiam de coração aberto.

Outra coisa que eu devo dizer é que quem gostou de Harry Potter, provavelmente vai gostar de Percy Jackson. Porque segue o mesmo estilo e, sendo bem franca, tem vários aspectos que lembram muuuito HP. Tipo o fato de que a história gira em torno das aventuras de 3 crianças, sendo dois
meninos e uma menina. Tipo o fato de o menino secundário ser "o desastrado" (Rony), a menina ser "a inteligente" (Hermione) e o menino principal ser, de certa forma, "o escolhido"... Tem também um certo personagem que me faz lembrar do Dumbledore... [SPOILER leve] Quíron, que escuta uma profecia envolvendo Percy Jackson e acaba se tornando uma espécie de mentor, sempre por perto para proteger e tal... E, ainda, o fato de ser dada a Percy a opção de passar o verão no acampamento meio-sangue ou em casa. [/SPOILER leve] E tem, ainda, aquela "frescurinha" de não mencionar os nomes dos deuses, que me lembra um pouco a coisa do Voldemort ser "você-sabe-quem" ou "aquele-que-não-deve-ser-nomeado", enfim... Tem várias dessas coisinhas que remetem e me arrisco a dizer que Rick Ryordan provavelmente se inspirou nas ideias da J.K. Rowlling. A saga Percy Jackson seria uma releitura de um Harry Potter modificado e "menos complexo". Não, não dá pra comparar. São diferentes. Mas que tem ali um fundinho de "inspiração", ah, isso tem!

Apesar de ser um livro grossinho, é uma leitura rápida e que flui bem. O tamanho do livro engana, porque se você for ver, a letra é bem grande e espaçamento duplo (infanto-juvenil mesmo, viram? Pra moçada que tá começando a se aventurar com livros maiores ir se acostumando). E, no fim das contas, meus preconceitinhos iniciais caíram por terra. Depois de um certo momento da história, você já começa a ficar preso naquela de querer saber o que acontece em seguida... É um livro bem gostoso de ler, e bem divertido. Diria que é um bom entretenimento e, de quebra, ainda tem a parte de mitogia que é bem legal, tanto pra quem já conhece e já gosta, quanto pra quem ainda é mais jovenzito e vai se "instruir" ao longo do livro e, quem sabe, despertar um interesse pelo tema... :)

Fora isso, achei super simpático ter sido incluído, no final, o primeiro capítulo do livro seguinte pra atiçar os leitores que não compraram o box...

Agora, em relação ao filme, é o seguinte: eles pegaram os personagens do livro e criaram uma história praticamente toda nova. Tem MUITA coisa diferente, muita mesmo. E não é dizer "aah, masJogos Vorazes, só que pior, porque mudaram mais coisa ainda.

baseado não significa que tenha que ser igual...". Não, eu sei, mas não é disso que eu to falando. Não é uma adaptaçãozinha aqui e outra ali. São diferenças gritantes mesmo. Mudaram, inclusive, a faixa etária (de 12 pra 16) e o aspecto físico de alguns personagens... Tipo, gente que devia ter o cabelo loiro e encaracolado ser morena de cabelo liso. Sei que parece bobagem, mas sei lá... Será que não
tinha como tentar se manter mais de acordo com as descrições do livro?? E com todas as mudanças feitas, achei que o filme acabou ficando bobinho... Parece que tiraram justamente as partes que tornavam o livro interessante, não sei... Não gostei muito não, viu? Foi mais ou menos a sensação que eu tive com o filme de Jogos Vorazes. Uma pena, porque dirigido pelo Chris Columbus (que dirigiu os 2 primeiros de Harry Potter), tinha potencial pra sair coisa bem melhor dali... Vamos esperar pra que os próximos não sejam tão desvirtuados assim...

Então pra fechar, fica a opinião de que é um livrinho bem bom, e acho que é até uma boa sugestão de leitura pras férias :)

* Originalmente postado em 24/07/2013 *

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Destino - Ally Condie

Já fazia um bom tempo desde o meu primeiro contato com esse livro. Na verdade, se não me engano foi até na época em que ele foi lançado e estava exposto naquelas prateleiras da frente de uma livraria, sabe... Eu peguei pra folhear e acabei lendo todo o primeiro capítulo ali mesmo, em pé e tal... Na época eu até pensei em comprar, mas aí, sei lá... Acabei não comprando. Acho que foi, em parte, pelo meu então preconceito em relação a distopias... Um tempo depois, acabei encontrando em pdf na internet, baixei pensando em dar uma chance, mas fiquei com preguiça de ler no computador e ele acabou ficando encostadinho... Até que ganhei o Kindle, esse lindo!, e minha vida mudou! o inaugurei com esse e-book :)

Segue a SINOPSE:

"Em "Destino", primeiro livro de uma trilogia, a protagonista Cassia tem absoluta confiança nas escolhas que a Sociedade lhe reserva. Ter o futuro definido pelo sistema é um preço aparentemente pequeno a se pagar por uma vida tranquila e saudável e pela escolha do companheiro perfeito para formar uma família. Como a maioria das meninas, aos 17 anos, ela já está pronta para conhecer seu
*
Par. Após o anúncio oficial, a menina sente-se mais segura do que nunca. Romântica, sonhava há anos com o momento do Banquete do Par, a cerimônia em que a Sociedade aponta aos jovens com quem irão casar. Quando surge numa tela o rosto de seu amigo mais querido, Xander - bonito, inteligente, atencioso, íntimo dela há tantos anos -, tudo parece bom demais para ser verdade.
Na cerimônia, Cassia recebe um microcartão onde estão armazenadas todas as informações que precisa saber sobre seu futuro marido. Mas ao inseri-lo no terminal de sua casa, tem uma grande surpresa: a tela se apaga, volta a se acender por um instante, revelando um outro rosto, e se apaga de novo. É Ky Markham, um antigo vizinho, quem ela vê. Neste instante, o mundo de certezas absolutas que conhecia parece se desfazer debaixo de seus pés. Agora, Cassia vê a Sociedade com novos olhos e é tomada por um inédito desejo de escolher. Escolher entre Xander e o sensível Ky, entre a segurança e o risco, entre a perfeição e a paixão.
A partir deste momento, a autora cria um clima de angústia e expectativa em função da culpa que a adolescente sente por estar se desviando do que a Sociedade espera. Ao contrário de outras obras de ficção científica, o livro não é centrado em cenas de ação. 'O universo de Destino foi inspirado em uma série de pequenas experiências ao longo de minha vida. Coisas aparentemente simples, mas que me marcaram de forma profunda, como aquela conversa com meu marido sobre o futuro e o meu baile de formatura. E outras coisas ainda mais genéricas, como a sensação de se apaixonar ou ter o primeiro filho. Acho que o meu livro é diferente das obras do mesmo gênero exatamente por estar centrado em questões mais introspectivas'."

Achei essa sinopse bem completa, dá uma boa ideia geral do que é o livro mesmo. E esse último parágrafo, especialmente, resume bastante da minha opinião: se você espera momentos de ação e aventura, não é exatamente isso que vai encontrar nesse livro. Pelo menos, não neste primeiro volume da trilogia (não li os outros dois). Mas a parte da crítica social é colocada de uma maneira bem interessante. O livro ganha pontos aí. A autora coloca essa sociedade futura como uma distopia meio utópica ou uma utopia meio distópica... Porque a questão é que a Sociedade tem um controle praticamente total sob as pessoas que, em troca da liberdade de fazer escolhas, tem uma vida "perfeita", quase uma releitura de Stepford... Assim, alegando que é "para o bem geral", é a Sociedade (essa entidade, com letra maiúscula mesmo) que determina categoricamente desde o que cada cidadão vai comer e vestir, passando pela sua profissão, e até com quem cada um irá se casar, com base em maiores probabilidades de sucesso e melhores combinações genéticas (e essa parte da genética é encarada como sendo o máximo, porque reduz drasticamente o número de doenças hereditárias, claro, e gera descendentes fortes, saudáveis, inteligentes... Enfim, os melhores possíveis!). E as pessoas não questionam isso! Elas realmente aceitam como sendo algo bom pra elas e ainda enxergam como uma vantagem o fato de que não precisam nem se dar ao trabalho de entrar em crises existenciais na hora de escolher uma carreira ou um marido, porque a escolha ideal, com base nas estatísticas, será feita para elas.
Já a parte do romance me incomodou um pouco em alguns aspectos... Não sei se tem a ver com o fato de eu estar ficando "véia", se é uma coisa de maturidade emocional... Só sei que ultimamente eu tenho notado que estou mais exigente e menos tolerante com ideias românticas meio inverossímeis que a gente encontra em alguns livros. E esse me incomodou um pouquinho nesse aspecto, sabe, com essa coisa toda da Cassia se apaixonar instantaneamente por um menino em quem ela nunca reparou antes só porque a foto dele piscou na tela do computador no momento em que ela inseriu o microchip que deveria mostrar a foto do "Par" dela. E a forma como, a partir desse momento, ela meio que esquecer de todos os anos de cumplicidade e carinho ao lado do "Par oficial" - que antes era o melhor amigo dela, tipo bff, tá? - e não faz nem uma pequena tentativa de não ficar fantasiando sobre o menino novo.  Ela entra de cabeça mesmo, só porque "mandaram olhar" e mimimi (isso me irritou um bocado). E umas outras coisas que acontecem mais pro fim do livro, que se eu comentar aqui vai ser spoiler, mas enfim... Seguindo essa minha linha de raciocínio, quem já leu ou for ler provavelmente vai entender do que eu to falando...
Sendo bem sincera, pelo que eu li nesse primeiro volume, meio que já dá pra imaginar como vai terminar, então ainda não tenho certeza se vou ler os outros dois livros da trilogia... Talvez quando sair o e-book eu acabe lendo porque geralmente fico curiosa mas, nesse caso, acho que seria uma curiosidade mais em relação a como a autora vai desenvolver a história até chegar onde eu acho que ela previsivelmente vai chegar... Pelo andar da carruagem, imagino que os próximos livros tenham mais cenas de ação.
O saldo total é o seguinte: A forma como ela aborda as questões sociais e políticas é bem interessante MESMO, mas não sei se o "entorno" disso foi tão bem explorado quanto poderia. No geral, é um livrinho bom pra passar o tempo e vale a leitura pela parte que é boa. E é meio auto-contido, até... Quer dizer, por mais que a gente saiba que existem 2 outros volumes, dá pra ler só esse e se satisfazer com isso, porque a resolução da questão fica meio que clara, não ficam muitas pontas soltas penduradas. Acho, também, que o público alvo ideal é mais jovem do que o de "Jogos Vorazes", então provavelmente a leitura vai ser melhor aproveitada pela galera na faixa dos 15/16 anos.  :)

* Originalmente postado em 28/04/2013 *

terça-feira, 29 de outubro de 2013

As Esganadas - Jô Soares

Li "As Esganadas" no final do ano passado e queria fazer essa resenha desde então, mas como andei mega afastada do blog por N motivos, só está saindo agora. O livro de 264 páginas foi lançado em 2001 pela Companhia das Letras e, na época, foi super divulgado, chegando a atingir o topo da lista de livros de ficção mais vendidos no Brasil poucas semanas depois do lançamento.
Segue parte da sinopse retirada do site da Cia. das Letras:
 
"Em As esganadas, o autor do best-seller O xangô de Baker Street explora mais uma vez tema que lhe é caro: os assassinatos em série. No entanto, tal como Alfred Hitchcock, que desprezava os romances policiais cujo objetivo se resume a descobrir quem é o criminoso (o famoso “whodonit”), Jô Soares revela logo no início não somente quem é o desalmado como sua motivação psicológica (melhor dizer psicanalítica) para matar. O delicioso núcleo narrativo está nas tentativas aparvalhadas da polícia de encontrar um criminoso que, além de muito esperto e de não despertar suspeita nenhuma, possui uma rara característica física que dificulta sobremaneira a utilização dos novos “métodos científicos” da polícia carioca.
O leitor também pode se fartar aqui com uma outra faceta constante da obra literária de Jô Soares: a escolha de um momento do passado para cenário de sua narrativa, o que lhe permite entrar em detalhes históricos curiosos enquanto desenvolve a trama. Desta vez, voltamos ao Rio de Janeiro do Estado Novo, tendo por pano de fundo mais amplo o avanço do nazismo e as primeiras nuvens ameaçadoras que anunciam a Segunda Guerra Mundial.
Com a verve que lhe é característica, Jô consegue, neste As esganadas, realizar a façanha de narrar uma série de crimes brutais, com requintes inimagináveis de crueldade, e deixar o leitor com um sorriso satisfeito nos lábios."

A primeira coisa que me chamou a atenção foi a capa. Acho que talvez as cores usadas no título e a ilustração divertida tenham tido sua parcela de contribuição para o sucesso de vendas, porque passa a imagem de ser um livro de humor. O que não é mentira, já existem mesmo bons punhados de humor no texto, mas não chega a ser uma comédia. Tanto que, na ficha catalográfica, o assunto consta como "Literatura Brasileira-Ficçao Policial".
 
Agora, quanto à narrativa propriamente dita... Este foi o primeiro livro do Jô que eu li, então não sei se essa é uma tendência nos livros dele, mas o que eu tenho a dizer é o seguinte: achei a história um tantinho repetitiva. Quer dizer, a gente já sabe desde o início quem é o assassino e quais os motivos dele pra matar. Já sabe também que os alvos dele são sempre mulheres gordas. As mortes são todas mega parecidas (na verdade, são iguais, o que muda são detalhes) e até previsíveis. E tudo gira em torno das tentativas da polícia de capturá-lo. De modo que se você for ler esse livro esperando suspense e emoção, é melhor nem começar... Entretando, não é um livro ruim. Não mesmo! A sensação que eu tive, na verdade, foi mais ou menos a mesma que tive quando li Lucíola (do José de Alencar): o enredo é previsível e chega a ser até meio "banho-maria" em alguns momentos, mas em compensação o texto é muito bem escrito, o que acaba conquistando o meu interesse. Outra coisa a ser ressaltada é que foi feito um trabalho de pesquisa bem bacana pra contextualização da trama na época, o que também acaba somando uns  pontinhos positivos. Além disso, os capítulos não são muito longos, o que faz a coisa toda fluir bem, e pequenas ilustrações aqui e ali, no meio do texto, dão um certo T.V.G. (segundo meu avô, "Toque de Vivacidade e Graça", heheh...).

 Então, pra concluir, minha opinião é a seguinte: é um bom livro pra ser lido antes de dormir. Não estou querendo dizer que ele dá sono, veja bem! Mas a questão é que não é o tipo de livro que te prende por vários capítulos naquela do "e agora, o que acontece?? E agora?! OMG, o que será??!".  O livro te mantém entretido até a hora que o soninho chega, quando você consegue, sem grande ansiedade, fechar na página em que parou e recomeçar no dia seguinte. :)

domingo, 27 de outubro de 2013

Brasil: país de leitores??

Ontem fui jantar no shopping com o namorado depois da faculdade e, enquanto esperava ele chegar pra encontrar comigo, resolvi entrar na Saraiva pra dar uma olhada nos livros. Folheei alguns, gostei de um deles e quis dar uma lida, mas a livraria em questão só tinha UM sofá à disposição dos leitores (provavelmente para nos obrigar a sentar no café que existe no interior da loja e consumir alguma coisa. ¬¬). E é claro que em 90% do tempo este sofá fica ocupado por gente que nem está lendo! Foi esse o caso ontem... Nos outros 10% do tempo, está ocupado por gente lendo de fato, mas nunca vai estar vago quando eu quero sentar nele pra ler. Lei de Murphy me persegue... Então, me restaram duas opções: ler em pé mesmo e ficar com o pescoço duro ou levar meu livrinho para ler na sessão infantil, que tem uns dois bancos maiores e costuma ter espaço pra sentar. É claro que eu optei pela segunda solução. hehe :)

Lá presenciei a seguinte cena: um menininho bem pequeno, que não devia ter mais que 6 anos de idade, chega correndo igual a um foguete, com os olhinhos brilhando, tipo "Livros! Livros! *-*" e vai direto até uma prateleira. A mãe aparece logo em seguida e dá uma chamada "Bernardo!! não sai de perto da gente! >:(". Até aí, muito justo. Ninguém quer perder o filho numa Mega-Store, né? Ok. Ela e o pai ficaram vendo algumas coisas ali do lado (acho que na sessão de papelaria, não tenho certeza),
enquanto isso, o pequeno Bernardo escolheu um livrinho e foi satisfeito até eles:

- Pai, pai, compra pra mim? :D - pediu ele com sua voz retumbante.
- *silêncio - Bernardo foi ignorado. O pai nem olhou pra ele.
- Hein, pai! Compra esse livro pra mim? :)
- *mais silêncio - o menino continuou sendo solenemente ignorado.
- PAAAAIIIEEE!!! Posso levar esse livr...?
- Shhh! Bernardo, não grita! E pára de perturbar seu pai. - a mãe interrompeu.
- Mãe, mas eu quero esse livrinho! Compra pra mim? *-*
- Não dá.
- Mas por favor, mãe, eu quero muito!!!
- Não, meu filho, bota esse livro de volta no lugar.
- Então eu vou ler ele ali...

Ele sentou perto de mim e começou a ler em voz alta. Uma fofura!! Achei super maduro da parte dele decidir ler o livro ali mesmo quando viu que não ia dar pra levar. A maioria das crianças iria chorar, fazer um escândalo, se jogar no chão (bom, nunca presenciei isso da parte de crianças em relação a livros, mas ok)... E ele aceitou resignado o fato de que não voltaria para casa com o livro e sentou pra ler. Até aí, nada muito anormal da parte dos pais... Talvez eles realmente estivessem curtos de grana e não desse MESMO pra comprar o livro naquele momento. Embora eu ache que dar livros a uma criança não seja um gasto, e sim um investimento (principalmente quando é a própria criança que pede!), nunca se sabe como estão as finanças alheias, né... Enfim. O que me chocou, foi o que aconteceu a seguir.

Bernardinho lia alegremente o livro, com uma voz tão forte que era impossível me manter concentrada na minha leitura, mas primeiro que eu não podia reclamar, afinal, aquele espaço era dele, né? Eu que invadi... E, segundo, eu já tinha sido cativada mesmo por aquele pequeno leitor, então

- Vamos, Bernardo.
- Peraí, mãe.
- Não, filho. Mamãe já tinha te falado pra botar o livro no lugar, não foi?
- Mas eu quero ler...
- Vamos, Bernardo. Guarda o livro, já falei duas vezes. - o tom foi ficando mais grave.
- Mas eu quero leeeerrrr!!! Por favor, deixa eu terminar de ler o livro! :(

Nesse momento, o pai interveio com a seguinte frase, que me deixou absolutamente perplexa:

- Vamos lá nas Lojas Americanas, eu compro um jogo pra você! :)

Jesuuuuusssss!!!!! A CRIANÇA QUERIA UM LIVRO! UM LIVRO!!! E o sujeito resolve barganhar em troca de brinquedos!! O que se passa na mente dessas pessoas?? Convenhamos: se ele tinha dinheiro pra comprar um jogo, muito provavelmente teria pra comprar o livro. Então por que, na vida, negar o livro ao menino? Claro que criança tem que brincar, é ótimo dar brinquedos de presente aos filhos, é importante para o desenvolvimento deles e tudo mais... Mas ler também é importante, gente!!
fingi que lia enquanto, na verdade, prestava atenção nele (juro que não sou stalker de criancinhas!! hahah). Gente, quando tiver um filho, quero que ele seja assim! Mas voltando ao foco... Lá estava ele, contente lendo seu livrinho. Mas a alegria não durou muito. Mal ele tinha começado, quando chegam os pais:

Talvez aqueles pais tenham achado que ler "Thomas, a Locomotiva" não fosse acrescentar nada ao menino, intelectualmente. Mas, se for esse o caso, estão muito enganados. Primeiro que seria excelente pra ele ganhar vocabulário. Segundo que, aparentemente, ele estava em fase de alfabetização e seria perfeito se familiarizar com a grafia das palavras de uma maneira agradável e lúdica. E terceiro: é importante criar o hábito da leitura desde cedo. Se a criança já tem gosto pela coisa, por que tentar abafar isso?? Só vai ser pior mais tarde, quando ele tiver que ler livros pra escola e achar tudo um saco. Aí quero ver esses pais arrancando os cabelos porque o adolescente Bernardo se recusa a ler "O Guarani" e a prova é depois de amanhã.

Fico pensando que, provavelmente, os pais do Bernardo não gostam de ler. Assim, acham estranho o filho se interessar por algo "tão chato" (na opinião deles) e não levam a sério seu gosto pela leitura, achando que dar um brinquedo faz muito mais sentido. Me parece que pais não-leitores criam filhos não-leitores. Desse jeito nós nunca seremos um "país de leitores", como o governo quer achar. Triste.
 
Juro que na hora me deu vontade de abraçar o pequeno Bernardo e comprar o livro pra ele. Mas seria muito estranho, então me contive em ficar quieta no meu canto, com meu livro e minha indignação.
Confesso que me lembrou um pouco aquele anúncio com o menino da chicória.

* Originalmente postado em 24/10/11 *

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Começando...

E então eu decidi montar meu blog sobre livros. Não é com nenhuma pretensão... É só que eu sempre fui uma apaixonada, viciada, cheiradora de livros desde o momento em que aprendi a ler, de modo que o gosto pela leitura sempre esteve presente e sempre foi uma partezinha especial da minha vida (tanto que estou cursando uma faculdade diretamente ligada à edição de livros). E aí eu achei que seria legal registrar minhas leituras e minhas impressões sobre elas, além de comentar sobre assuntos relacionados ao mundo da literatura. 
 Cheguei a tentar fazer isso num blog "genérico", em que eu falava sobre várias coisas e não tinha um assunto definido, mas achei que com um tema tão aberto, eu acabava perdendo o foco e os posts literários acabavam ficando meio perdidos, meio soltos... Sei lá. Começou a me incomodar. Até que me bateu a ideia de criar um blog novo, um espacinho só pra falar sobre os livros que eu ando lendo e o universo literário.

Não posso garantir uma frequência de posts porque tempo é uma coisa que está super escassa na minha vida nesse momento, mas vou tentar colocar algo novo por aqui sempre que tiver uma folguinha. :)

Então é isso... De saída, vou migrando pra cá os posts que já existiam no outro blog e em seguida vou acrescentando as minhas leituras mais recentes. Espero conseguir manter o blog atualizado. :D

Beijos!